Propostas aprovadas serão analisadas pelos colegiados superiores da UFRJ

O Fórum de Extensão e a Plenária de Bolsistas da Extensão, realizados no dia 8 de outubro, no auditório “Roxinho” do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) na Cidade Universitária, aprovaram várias teses, que deverão ser apreciadas pelos colegiados superiores da instituição. O evento, que contou com a participação dos coordenadores de extensão dos Centros, das Unidades, dos programas e projetos, de parceiros de instituições que colaboram com a universidade e dos estudantes bolsistas de extensão, também teve como objetivo apresentar os avanços e resultados do Plano de Ação da Extensão na UFRJ (estabelecido em reunião do Fórum, de 2006).

O Fórum marcou, junto à Plenária dos Bolsistas, o encerramento do 7º Congresso de Extensão, que aprovou todas as teses, por unanimidade. Entre elas, a que mais se destacou foi a da criação de um colegiado único, com câmaras separadas para graduação, pesquisa e extensão: “Somos a única universidade que tem um conselho de graduação separado. Fazemos apenas o discurso de unidade; é um princípio constitucional sermos unificados: ensino, pesquisa e extensão”, disse a pró-reitora de Extensão, Laura Tavares. Os professores se mostraram receosos sobre a aceitação desse colegiado, diferentemente dos estudantes que se mostraram mais confiantes e exigiram participação.

Para ampliar a atividade de extensão na universidade, outro ponto estabelecido é o necessário reconhecimento dessas atividades como créditos curriculares, no âmbito da graduação e da pós-graduação. Conforme explicou a pró-reitora, já que existem hoje apenas 700 bolsas de extensão, essa atividade fica praticamente limitadas aos bolsistas, embora a UFRJ tenha cerca de 40 mil estudantes: “As bolsas deveriam ser específicas para alguns projetos, mas todos os alunos deveriam fazer extensão”, afirmou Laura. A professora acrescentou que deveria ser garantida a isonomia (com a pesquisa e a graduação) na pontuação de atividades de extensão para a progressão docente: “Queremos que reconheçam a extensão na pontuação da carreira docente”, completou.

Concepção de Extensão

A respeito da concepção do que é extensão, a pró-reitoria fez questão de sinalizar que não é tudo o que se faz fora da universidade que pode ser considerado extensão: “Estamos abandonando duas concepções de extensão muito clássicas: a concepção de extensão como assistência e a segunda da prestação de serviço, que a UFRJ tem muito e que é remunerada. O critério básico da extensão é ter alunos”.

Com a nova modalidade de acesso, pela qual a universidade destinará 20% das vagas a alunos da rede estadual (o que, na avaliação da pró-reitoria, é um grande avanço, mesmo que não resolva todo o problema), Laura entende que é necessário separar bolsa de extensão de assistência estudantil. E que a questão da assistência estudantil deveria ser objeto de uma pró-reitoria nova. A UFRJ tem hoje 2 mil bolsas de assistência, sendo que os estudantes contemplados podem possuir também bolsas de extensão.

Convênios

A captação de recursos públicos para projetos de extensão também foi ressaltada: “Temos que trabalhar com políticas públicas para que os projetos tenham continuidade; não temos como resolver todo o problema, as demandas e expectativas das comunidades são grandes. Queremos fazer uma aliança com as políticas publicas, já que a universidade é a melhor intermediária entre as comunidades e as políticas públicas, que não são um favor, mas um direito da população. E essas intervenções são qualificadas” argumentou a pró-reitora. Citou como exemplo os convênios da universidade com várias prefeituras, como a de Nova Iguaçu, com o “pré-universitário”, projeto que prepara estudantes para o vestibular: “Estamos com mais de 70 alunos da UFRJ dando aulas a mais de 1.200 jovens em Nova Iguaçu. Estes pré-universitários contribuem para a democratização do acesso, nesse últimos anos mais de 500 estudantes deste projeto já entraram na universidade, e ainda fizemos questão de não chamar de pré-vestibular porque somos contra o vestibular, não acreditamos desde 2006 que o vestibular seja um mecanismo de acesso justo”, analisou a professora. Outro convênio, feito esse ano com a Petrobras, no valor de R$ 1,8 milhão, irá financiar boa parte dos projetos da Divisão de Integração Universidade-Comunidade com o Escritório de Direitos e com os Núcleos Interdisciplinares de ações para a cidadania.

Políticas de Ações Afirmativas

A pró-reitoria também enfatizou as políticas de ações afirmativas, como o projeto Conexões de Saberes, que otimiza a entrada de estudantes de origem popular na universidade: “Só tínhamos 6% dos estudantes da UFRJ de origem popular (renda abaixo de três salários mínimos e com pais de baixa escolaridade, que seriam portanto, a primeira geração de universitários de uma família). Este ano tivemos mais de 180 candidatos para apenas 80 vagas. A extensão quer facilitar o acesso de alunos de origem popular urbana, do campo, e também de origem quilombola. A resistência para a criação deste projeto foi muito grande, até pela discussão de que isso vai baixar o nível do ensino, e isso não é verdade”, defendeu Laura.

Outro projeto mencionado foi o Conhecendo a UFRJ, que é o maior evento de portas abertas do Brasil para estudantes do ensino médio. Cerca de 15 mil estudantes participam do projeto e na edição deste ano foram feitas cotas para as escolas públicas (70% do público).

Além do apoio aos estudantes e comunidades, foi citado o suporte da extensão aos movimentos sociais, com a criação de cursos de apoio ao MST, com a ajuda da pró-reitoria e realizado na Escola de Serviço Social, e outro para o Movimento dos Atingidos por Barragens, além de movimentos urbanos e sindicatos.

Contribuição Estudantil

Na Plenária de Bolsistas de Extensão, com mais de cem estudantes, também houve espaço para as intervenções deste segmento. Da Faculdade Nacional de Direito, Maíra, que faz parte do projeto Assistência Jurídica Popular ao Movimento de Luta pela Terra e assentamentos urbanos, disse que se preocupa em como os professores lidam com a extensão: “Pouco se fala na sala de aula sobre extensão. Isso é ruim porque a sala de aula seria um ótimo espaço para isso, e mostra também como o ensino está separado da pesquisa e da extensão”.

Representantes do DCE também se pronunciaram de forma a garantir a participação estudantil no processo, como o estudante Tadeu Alencar, do curso de História: “Propomos um espaço para técnicos e estudantes poderem debater e discutir com os coordenadores sobre os projetos de extensão. Queremos participar dos processos de criação dos projetos. Sobre o número de bolsas, achamos importante não só as que existem, mas quantas bolsas precisamos ter”.

Expectativa é pela ampliação do debate

As expectativas da Pró-reitoria de Extensão é de que todos os debates apresentados no Fórum e na Plenária não se reduzam aos eventos, mas que sejam incorporados por todos os professores e estudantes, de forma a garantir um debate sobre o tema por toda a universidade.

As teses apresentadas foram todas aprovadas, algumas com destaques, mas precisam da aprovação dos colegiados superiores da UFRJ. Todas (ainda sem os destaques, na data do fechamento desta edição, em 13/10) encontram-se disponíveis em www.pr5.ufrj.br.

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