"I Semana da Diversidade sexual Alojamento em luta pelo fim da Homofobia”
PROGRAMAÇÃO
Dia 06/06/2010 – Domingo
Exibição de filmes
19:00 – Meninos não Choram
21:15 – 23:10 – Go Fish
Dia 07/06/2010 – Segunda feira
Abertura
19:00 – 21:30 – Mesa: “A importância do Movimento social na conquista de Direitos civis do segmento LGBT’s: a marginalização do homossexual em foco”
Palestrantes: Thiago Paciência (Estudante do curso de direção Teatral - UFRJ), Marília (Militante do Comitê contra opressões da Conlutas), Marcos(FND - UFRJ), Gilmar(Conexão G/Maré), e Letícia (ENUD’s).
Mediação (Leomir Dornellas - Assembléia de Estudantes do Alojamento)
Dia 08/06/2010 – Terça – feira
19:00 – 19:20 Documentário: Vidas em Glâce
19::20 –21:50 Mesa: “Estigmas e opressões na sociedade patriarcal; machismo, homofobia e racismo determinando relações e vidas nos espaços da coletividade: perspectivas para a superação desta realidade.
Francisco Coullanges (ESS – UFRJ), Neusa (ONG “Coisa de Mulher”), à definir( Grupo “Arco Iris”)
Flávio SESO/ENESSO – UFRJ (mediador)
Dia 09/06/2010 – Quarta – feira
19:00 – 20:30 Oficina: "Diversidade sexual: inventando experiências singulares".
Oficineiro: Luan Cassal (Instituto de Psicologia – UFRJ)
21:00 - Filme: Milk
Dia 10/06/2010 – Quinta – feira
19:00 – 21:00 - Filme:Filadélfia
21:00 – 22:30 – Grupo de discussões
Mocinhos ou vilões: Diversidade no reino opressões.
Em meio a cena noturna urbana da cidade do Rio de Janeiro, vivendo a efervecência da cena política do meio acadêmico e partidário, dia destes me deparei com a figura do ex-BBB Jean Wills, representante midiático do que convencionamos denominar Diversidade sexual, que naquela noite seria apresentado como pré-candidato a deputado federal por um partido da esquerda combativa(não confundir com partidos que perderam sua identidade de luta). Ao que consta, em meio ao processo de reflexão e decisão pela candidatura, o carismático baiano também havia participado do ato do 1° de Maio dos Trabalhadores em luta nas comunidades vitimadas por deslizamentos em Niterói, numa louvávavel demonstração de solidariedade e identificação com a dor de seu povo.
Durante essa apresentação enaltecendo Jean Wills, me ocorreu, que naquela mesma semana, outro ex-BBB, homossexual, médico morador da zona sul desta cidade, porém não tão popular a ponto de abocanhar a simpatia do público e o prêmio final do programa, havia postado em seu perfil no Twitter (site de relacionamento), mais uma de suas infelizes frases carregadas de preconceito e descriminação, minutos antes de encaminhar-se para o aeroporto internacional do Galeão ele escrevia: “Nossa Senhora da linha Vermelha me proteja”, numa clara alusão aos territórios pauperizados, e estigmatizados das gigantescas favelas ao largo da via. Este tipo de postura alardeada na rede mundial, expressa de forma consciente ou inconsciente, um mecanismo de reforço intermitente do medo na conformação da ideologia da classe dominante, engendrado pelas elites essa forma de conceber as relações no cotidiano, sinaliza o conteúdo subjacente de uma mentalidade facista e geradora de facismos, e que não se difere de outras opiniões postadas tal qual esta publicada horas depois do início dos desabamentos e mortes da primeira semana de abril deste ano, no qual este médico, figura pública se apresentava mais uma vez como um sujeito desprovido senso ético que sentenciava: “quem sabe com isso eles param de jogar lixo nas encostas(...)”.
Esses rompantes de crueldade revestidos de ironia corrosiva, veiculados através da rede mundial de computadores-web, ganham vulto e têem a condição de formar opinião num lamentável reforço em tempo real da associação histórica entre pobreza e perigo, sutilmente construída em nossas mentes e corações que atua no sentido de estigmatizar o pobre, gerar racismo, xenofobia, e intolerância. O medo da violência urbana acaba sendo uma forma de controle eficaz sobre cada um de nós, e extremamente funcional ao sistema. Ele, o me---do faz girar uma indústria bilionária que ceifa vidas e sonhos, e determina relações instáveis, através da barbárie social do nosso cotidiano ou de guerras com as mais distintas e inaceitáveis motivações. Quem tiver interesse poderá conferir a reflexão e o debate perspicaz explorados pela triologia de documentários do diretor Michael Moore: “Tiros em Columbine, Fahrenheit 09/11,e Siscko”, e tirar suas próprias conclusões a respeito. A história, os fatos, e a atualidade falam por si só.
Mas e o que isso tem a ver com Diversidade, a resposta é, muita coisa; quando debatemos a diversidade, estamos questionando relações sociais, reivindicando o reconhecimento do diferente numa perspectiva igualitária, a aceitação, e o respeito que se configuram numa árdua tarefa nesta sociedade dominada secularmente por uma elite patriarcal, branca, oligárquica, racista, machista, e sexista, regida por padrões heteronormativos, atravessada fortemente por todo um sistema de opressões, com um nítido recorte de classe, constituído pela contradição imanente à relação Capital X Trabalho, cujo a homofobia é uma de suas principais expressões.
O combate ao flagelo da homofobia e das opressões, deve estar na agenda do dia dos governos, da mídia responsável, das universidades, dos movimentos sociais através do fomento ao debate sobre diversidade sexual, tema este particularmente pouco trabalhado nas famílias, escolas, etc. A superação de tabus e a quebra de paradigmas passa tanto pela ação dos nossos governantes que devem ter o compromisso ético-político de proporcionar e estimular amplamente a penetração de forma transversal do tema da Diversidade Sexual, nos espaços de tradição conservadora, assim como pelo imprescindível protagonismo da militância que tem o importantíssimo papel de dialogar com os diversos setores da sociedade resgatando e reafirmando a perspectiva da politização dos espaços de luta, reflexão e instrumentalização do combate às opressões.
Nesse sentido o conjunto dos lutadores sociais, e os órgãos do poder público responsáveis pelo enfrentamento ao desrespeito aos Direitos humanos devem estar atentos e vigilantes para o questionamento imediato, e o tensionamento e vedação oportunos, de práticas opressoras e reprodutoras de opressões na mídia como um todo, principalmente na web nos marcos da virtualização das relações humanas por meio de um amplo leque de sites de relacionamento que tecem instantaneamente a teia de relações, publicizando e incentivando uma racionalidade que progressivamente tem rebaixado os níveis de coexistência civilizatórios aceitáveis tendendo a se tornar hegemônica.
Elocubrações como estas, de um ativista da luta contra as opressões certamente ensaiam hipóteses sobre as variáveis do fenômeno em tela, mas nem de longe tem a pretensão de se aproximar de uma explicação científica acerca do complexo processo no qual a sociedade em geral, e mais especificamente figuras de grande expressão popular com elevado nível de formação, pertencentes a grupos minoritários históricamente oprimidos dão conseqüência á formas de perpetuação da descriminação e intolerância que a muito tempo deveriam estar superadas.
Por Flávio Silva Graduando em Serviço Social.
2 comentários:
O evento vai acontecer no alojamento mesmo em alguma sala especifica ?
Abraços
Ola Bill o evento vai acontecer na entrada no Alojamento. No "vão" central logo quando entramos!
Postar um comentário