Declaração do DCE-Mário Prata sobre a luta dos estudantes da UFRJ

Aqui na UFRJ, iniciamos nossa luta com a marcha à Brasília. No dia 24 de agosto, durante o ato pelos 10% do PIB pra educação, nos reunimos com o ministro da educação e apresentamos nossa proposta. O ministro e o chefe do seu gabinete de forma demagógica sinalizaram positivamente para as propostas, mas seguiam defendendo a educação do jeito que está. A conclusão foi  inércia e nenhuma atitude foi tomada em relação a UFRJ.

Voltamos de Brasília e começamos uma campanha passando em cada sala de aula em todos os cursos com o objetivo de chamarmos os estudantes para exigir o que é nosso por direito. Os estudantes responderam positivamente o chamado do DCE e realizamos um belo ato no Conselho universitário(Consuni) do dia 08\09. Neste Consuni, compareceram cerca de 200 estudantes. O reitor não quis botar pra votar nenhuma proposta, mas os estudantes conseguiram aprovar um Consuni extraordinário para a semana seguinte com a pauta única dos estudantes. Naquela ocasião dissemos que o movimento não ia retroceder até alcançarmos a vitória. Uma semana depois voltamos a reitoria, éramos cerca de 500 estudantes. O reitor não aguentou a pressão, sentindo a encruzilhada em que estava, cancelou a sessão de forma arbitrária. A reitoria que usa a palavra democracia para se safar de qualquer infortúnio foi bastante anti-democrática, já que não há democracia maior do que 500 estudantes definindo os rumos da universidade.

A partir daí, começou nossa assembleia. Enquanto isso, uma comissão foi recebida pela reitoria. Lá foi apresentada uma contra-proposta do reitor a nossa pauta. Um grande avanço e o início de uma vitória já que a reitoria não queria ceder em nada. Nesta contra-proposta a reitoria cedia em vários pontos. Retornamos para a assembleia onde apreciamos a proposta da reitoria e fizemos as ponderações necessárias para avançar ainda mais nas conquistas. A reunião da comissão de negociação que se deu depois avançou em mais alguns pontos, mas não pôde discutir tudo, pois o reitor estava em uma operação e o vice teve que sair. Foi marcada a continuação da negociação para segunda-feira. Na quinta-feira da semana que vem, ocorrerá uma sessão do Consuni que aprovará as propostas da negociação.

O que já conquistamos: Dia fixo para o pagamento das bolsas; Comitê paritário para elaborar projeto de bandejão na PV, Centro, Xerém e Macaé; Ampliação da creche dos servidores e a abertura para os estudantes; Plano de renovação dos acervos das bibliotecas; Verba no orçamento de 2012 para a reforma do alojamento.

Os estudantes estão sendo pacientes até agora. Estamos dando os prazos que a reitoria vem pedindo. Só que a paciência está se esgotando e os estudantes querem mudanças já. A semana que vem é a semana derradeira. Do último ato para esse, tivemos vitórias importantes. Demos mais um prazo para a reitoria estudar nossas propostas. Quinta-feira se a resposta não for a altura dos nossos anseios teremos que tomar atitudes cabíveis para aumentarmos a pressão. Acreditemos na justeza da nossa pauta e na força da nossa mobilização.

Os estudantes da UFRJ se levantaram. As exigências são as mesmas das lutas por todo o país. Nosso direito a assistência estudantil precisa ser garantido. E, por conta disso, esta luta faz parte da luta pelos 10% do PIB pra educação, dizendo não ao PNE.
Os últimos anos foram marcados por uma grande demagogia da reitoria e do governo com muitas frases exuberantes dizendo como a educação no Brasil tem melhorou, como as universidades avançaram e como a UFRJ está repleta de verbas e melhorias. Pois é, a história prega peças a alguns personagens. Não é que em 2011, quatro anos depois da implementação do REUNI de forma arbitrária, diversas reitorias pelo país inteiro são ocupadas pelos estudantes demonstrando como são vazias e ocas essas frases exuberantes.

A política educacional do governo não privilegia o investimento em educação. Por exemplo, nos último 16 anos, o investimento em educação nunca ultrapassou 4,5% do PIB, mas o governo segue negando a proposta dos movimentos sociais em investir 10% do PIB e para piorar cortou 3 bilhões de reais da verba da educação esse ano. Ainda existe a proposta de ser aprovado um novo PNE que não altera o patamar de investimento e privilegia o ensino privado em detrimento do público. Todo esse quadro foi agravado quando em 2007, o governo aprova um projeto de reestruturação da universidade que visa expandir as vagas sem expandir em igual proporção as verbas. O motivo de nossa luta, portanto, diz respeito a essa conjunção de fatores e elementos. Sistematizando: a falta de assistência estudantil ocasionados pela falta de investimento e descaso com o ensino público, agravado pelo REUNI e o corte de verbas na educação.

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