Memorial em homenagem a estudantes mortos e desaparecidos na ditadura

 Estudantes de Arquitetura, Belas Artes ou áreas afins de todo o Estado do Rio de Janeiro podem participar do processo seletivo que vai escolher o projeto de construção de um memorial em homenagem aos estudantes mortos e desaparecidos durante a Ditadura Militar. As inscrições vão até o dia 30 de julho. O ato de lançamento do concurso ocorreu na última quarta-feira (14/7), no auditório Archimedes Memória da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UFRJ), no prédio da Reitoria da UFRJ.

O memorial ficará localizado na praça central do Restaurante Universitário Edson Luiz de Lima Souto, no campus da Cidade Universitária. A inauguração é prevista para dezembro deste ano, coincidindo com as comemorações pelo Dia Internacional dos Direitos Humanos. O concurso é promovido pela FAU e pela Escola de Belas Artes (EBA-UFRJ), com patrocínio do Comitê Técnico do Plano Diretor (CTPD) da UFRJ e apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. A apresentação do concurso contou com a presença de Pablo Benetti, professor da FAU e presidente do CTPD, Carlos Gonçalves Terra, professor da EBA, e Carlos Vainer, professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippur-UFRJ).

Benetti explicou que há uma área disponível para a construção do memorial em torno de 300m2 em frente ao restaurante universitário, local de grande circulação de estudantes e servidores na Cidade Universitária. O espaço para implantação do marco já estava contemplado no Plano Diretor da universidade. A iluminação, os aspectos paisagísticos e a viabilidade econômica do projeto serão avaliados pelo júri do concurso, formado por experientes profissionais da área. Há recursos disponíveis da ordem de R$ 250 mil para a obra.

Homenagem à vida

Para Carlos Vainer, que sofreu perseguição política no período do regime militar quando estudava na UFRJ, a criação do memorial em homenagem aos estudantes mortos e desaparecidos na ditadura não apenas objetiva olhar para o passado. Ele ressalta o significado que a iniciativa assume no presente e para as futuras gerações. “O silêncio dos horrores cometidos no passado permite que esses horrores voltem a acontecer. É por isso que o memorial faz sentido. Faz sentido porque não é apenas uma homenagem. Aqueles que morreram merecem ser homenageados, mas serve como ação presente que diz respeito ao futuro”, afirma Vainer.

O professor do Ippur salienta que, ao contrário de países vizinhos, como a Argentina e o Chile, onde torturadores estão presos, o Brasil nem sequer conseguiu abrir os arquivos da ditadura. Segundo ele, as famílias brasileiras têm o direito de saber onde estão seus filhos e netos desaparecidos na época do regime militar. O memorial, nesse sentido, vem reforçar a campanha pelo Direito à Verdade e à Memória, lançada por segmentos da sociedade civil.

“Isso aqui é um ato político e também um ato cultural, histórico e um projeto de futuro. Queremos homenagear aqueles que morreram nessa época, mas queremos homenagear a vida, homenagear aqueles que lutaram para construir uma sociedade diferente”, destaca Vainer.

Os interessados podem fazer as inscrições pelo email extensãofauufrj@gmail.com. Mais informações diretamente na Diretoria Adjunta de Extensão da FAU-UFRJ.


Fonte: www.ufrj.br

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