RIO - Prestes a deixar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz ter criado mais universidades federais que qualquer outro presidente. Mas oito das 13 que afirma ter feito, na verdade, já existiam e foram ampliadas ou federalizadas. Enquanto isso, porém, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira do Brasil, sofre com a falta de estrutura e a expansão desordenada, o que compromete a qualidade dos cursos. Na medicina, turmas com até cem alunos têm aulas de anatomia em só duas peças de cadáver. Na arquitetura, as pranchetas usadas são obsoletas, reclamam os alunos. Na comunicação, das 12 câmeras fotográficas, seis estão quebradas. Há problemas graves ainda no alojamento e no Hospital Clementino Fraga Filho, usado como hospital-escola. É o que mostra a reportagem de Alessandra Duarte e Carolina Benevides na edição do O GLOBO deste domingo.
(Vídeo mostra as obras paradas no campus da UFRJ)
Nos dois últimos anos, 22 novos cursos de graduação foram criados na UFRJ. A meta é que até 2020 o número de alunos mais que duplique e saia dos 41.007 de 2008 para 88.530. Porém, na contramão dessa corrida pelo ensino superior - um dos temas-chave da eleição presidencial deste ano, já que a falta de mão de obra qualificada é um dos gargalos do desenvolvimento do país -, o investimento público direto em educação por estudante na educação superior, segundo o Ministério da Educação (MEC), caiu de R$ 15.341 em 2000 para R$ 14.763 em 2008.
Além disso, apesar de o orçamento do Ministério da Educação ter aumentado em valores absolutos nos últimos anos - de R$ 16,5 bilhões em 2003 para R$ 36 bilhões em 2009 -, o percentual do orçamento do MEC em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) teve ligeira queda, segundo estudo da Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj) com dados do Senado e do IBGE: de 1,1% do PIB em 2003 para 1,04% em 2009.
- O orçamento do MEC, em termos absolutos, cresceu porque o PIB cresceu, e não porque tenha havido aumento da parcela do orçamento federal - diz Luis Eduardo Acosta, presidente da Adufrj.
O MEC contesta esses percentuais, sem dizer, porém, quais seriam os corretos: o orçamento informado pelo ministério soma o orçamento da pasta com verba do Financiamento Estudantil (Fies, da Caixa) e do salário-educaçã o.
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