MANIFESTO SOBRE O TRANCAMENTO DA
REITORIA
Nós, estudantes da UFSM, estamos fechando a entrada da reitoria para garantir a nossa autonomia como moradores da Casa do Estudante. O processo de ocupação do prédio se deu a partir da nova resolução de moradia, aprovada na reunião do Conselho Universitário (CONSU) do dia 26/09. A resolução do Conselho significa um retrocesso por ir contra a autogestão dos estudantes, conquistada em um processo de lutas que já dura quatro décadas, além de burocratizar ainda mais o acesso a Casa.
Historicamente, a reitoria não se
posta do lado dos estudantes quando estes reivindicam os seus direitos. Assim,
decidimos coletivamente pelo trancamento total, entendendo-o como uma crucial
forma de pressão política para que a nossa demanda seja atendida. Pelo fato de
já termos construído e apresentado uma proposta de resolução que já foi
ignorada na fatídica reunião do CONSU, temos poucas garantias que as nossas
demandas sejam atendidas na nova reunião do Conselho, que ocorrerá nesta
sexta-feira, dia 10. Apesar disso, sabemos de sua necessidade e permitiremos a
entrada dos Conselheiros para que ela ocorra, por ser o único espaço que
legitima a revogação.
Esta resolução que motiva a nossa
ocupação (e consequentemente o trancamento do prédio) apresenta três pontos que
atacam a nós, estudantes:
1 – O edital específico para acessar a
Casa do Estudante, que poderá levar até noventa dias para ser aberto, o que
dificulta ainda mais o processo de entrada de novos moradores.
2 – A criação do Conselho de Moradia,
que dá poderes abusivos à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), ferindo a
autonomia de gestão das vagas das Casas.
3 – A incumbência dada ao Conselho de
realizar as trocas internas, bem como as confirmações de vagas. Se as
confirmações não acontecerem no prazo estipulado, o morador será imediatamente
expulso. Além de mais lento, o processo ficará menos humano.
Trazemos também a pauta da construção
da Moradia Indígena, direito étnico que deve ser garantido na construção das
ações afirmativas. Diferente das outras Casas, a Moradia Indígena possui
dinâmicas e estruturas específicas. Para que essas demandas sejam atendidas, se
faz necessária a construção de um núcleo organizativo autônomo, onde estes
estudantes possam deliberar por si próprios em suas representações. Por isso,
abriremos espaço para que uma reunião, acordada entre o reitor e os estudantes
indígenas nos momentos iniciais da ocupação, seja realizada dentro da reitoria.
Nós moradores da Casa do Estudante,
filhos de trabalhadores e trabalhadoras, sabemos que a Casa representa a nossa
permanência na Universidade, uma necessidade, um lar que nos acolhe nesta
importante fase da nossa vida. Isto não é um favor, é nada menos do que a
obrigação da Universidade de garantir esse direito essencial. Um lugar para
morar enquanto se estuda não é pedir muito. Moradia não se adia. Precisamos
dela, autônoma e democrática, agora. Se isso demorar um segundo a mais,
seguiremos ocupando, trancando. Lutando para garantir o fundamental direito de
morar.
Revogação já.
Total apoio aos companheiros da UFSM.
Total apoio aos companheiros da UFSM.
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